Confesso:
De amor por aquela ordinária, padeci a vida inteira.
Nunca assisti um nascer de lua sem cantarolar algum verso de amor.
Nunca assisti um pôr-do-sol sem derramar uma lágrima.
Nunca ouvi seu nome sem entrar em desespero.
E a minha vida se fez noite.
Os versos ficaram engasgados em minha garganta.
E me arrastei feito um verme na lama.
E definhei feito planta sem água.
E me fiz um vegetal.
Mas do meio da minha miséria física e moral aprendi uma lição:
Nunca duvide da capacidade destrutiva do amor.
Ele é mestre em deixar cego, fechar bocas, cortar pernas, calar a poesia e destruir sonhos.
O amor é um carrasco sem alma.
O amor é imoral.