As ressacas das grandes noitadas de amor são deliciosas.
Acordo com asas no lugar dos braços.
Leve, sereno, disponível para o bom humor... a sensibilidade.
Um banhinho quente, um cafezinho preto, uma última olhada no amor que dorme envolvida pela sua própria luminosidade.
Um segundinho de contemplação... um sorrisinho maroto nos lábios.
O amor é mágico, quebra a rotina, me faz mais diligente, mais organizado para as responsabilidades diárias.
O amor me coloca no mundo, pronto para enfrentá-lo.
E saio pra rua...
Que dia!
Que estado de espírito!
Que sensação de liberdade!
Ô amor!!!
13
Maria Júlia, a primeira, chegou fazendo barulho.
Muito barulho!
Meu coração juvenil se abriu como uma avenida enfeitada, pronta para ser o palco de uma festa monumental.
Fogos de artifício, trombetas, buzinaços, danças sensuais, arrepios... promessas de dias maravilhosos.
Sua cabeleira loira me cegou, seus olhos verdes me ensinaram o balanço do mar, seus lábios carnudos me levaram ao êxtase, me colocaram na fronteira entre o divino e o profano.
Fizeram-me repensar a minha solidão, o meu eterno achar que o amor é assunto de tolos.
E embarquei com a roupa do corpo, com a esperança no rosto, com a certeza absoluta que a paixão é indestrutível... a paixão é o ar que se respira.
Risos, grandes noitadas, a completa dependência do amor que se anunciava.
Promessas de convivência eterna, noivado, despedida de solteiro, casamento, lua de mel... o primeiro dia do definitivo amor da minha vida.
O primeiro café da manhã.
A primeira manhã maravilhosa de todas as eternas manhãs que se anunciavam.
Maria Júlia, a linda!
A mulher da minha vida...
(...)
Maria Luiza, nuazinha, lindinha, sinaliza o tapete da sala... deita-se.
A enorme cabeleira loira de Maria Júlia cobre o seu rosto, seus seios, a sensualidade do meio das suas pernas.
Maria Júlia é um fantasma lindo e audacioso.
Não sei com quem farei amor essa noite.
Meu coração balança.
Maria Luiza/Júlia me abraça, o amor a três é...
Só desejo que a noite seja eterna.