Entre mim e a felicidade?
Apenas um pequeno detalhe, um cisco de obstáculo.
Você!
Apenas você!
A pedra do meu sapato.
O pé no meu saco.
O nó da minha garganta.
O meu estigma existencial.
O meu futuro sem futuro.
O meu erro.
E eu que sempre dizia:
Se o amor me maltratar, eu corro.
Se o amor me enclausurar, eu fujo.
Se o amor me sufocar, eu voo.
Se o amor me torturar, eu grito.
Se o amor me venerar, eu traio.
E o amor me maltratou, me enclausurou, me sufocou, me torturou... me venerou.
E eu não corri, não fugi, não voei, não gritei, não traí.
Fiquei.
E o amor se transformou em prisão.
E o amor...
E eu que sempre dizia...
Se...
Completei hoje o ciclo do meu 33º amor.
Não me senti pleno, o Deus das experiências amorosas.
Pelo contrário:
Me senti vazio, fútil, angustiado... um anjo decadente.
Enfiei 13 uísques garganta abaixo e jurei:
Nunca jamais o 34º, o 35º, o 36º amor.
Só o 37º, que é o amor perfeito.
Que vai me fazer acreditar que posso ser feliz.
E será eterno... enquanto durar!
O amor, meu amor, não tem fronteiras!
Mas você acha que tem.
Insiste em me ensinar que somos um só corpo... e alma.
Você me diz que onde eu começo, começa você.
Que onde eu termino, termina você.
Discordo... e digo:
Onde eu começo, termina você.
Onde eu termino, começa você.
A recíproca é verdadeira.
Beijos!
Uma coisa aprendi:
O amor não ama.
Não é chama.
É trama.
É lama.
O amor?
O amor é cama!