Ontem, pensei:
Se você me amasse, eu seria livre para amar.
Se eu fosse livre para amar, eu te amaria.
E só!
O resto é prisão transformada em palavras vãs.
Que coisa é o amor, meu amor!
1 momento de delicadeza, 1 eternidade de lirismo.
1 segundo de indiferença, 2 eternidades de carências.
1 pedacinho de carinho, 3 eternidades de certezas.
1 dedinho de distância, 4 eternidades de ciúmes.
Até aí tudo bem!
Mas nunca - nunca mesmo! - fique magoada, meu amor!
A mágoa faz mal pra pele.
Altera o trato urinário.
Faz comer de mais... ou de menos.
Te deixa feia por dentro.
Te aniquila.
E o pior:
Não tem cura.
E com amor ou sem amor dói a vida inteira.
Com a alma em fogo peguei o celular e liguei para a polícia.
Alô! disse o atendente.
Alô! disse eu.
Pois não! disse o atendente.
Eu matei aquela rapariga! disse eu.
Como? disse o atendente.
Matei a vaca! disse eu.
Como? disse o atendente.
A puta está morta! disse eu!
Senhor! disse o atendente.
Você é burro? disse eu.
Senhor! disse o atendente.
Deixa pra lá! disse eu.
Desliguei o celular... e fui tomar uma cerveja no boteco da esquina.
Com a honra lavada.
E com a certeza de aquela vagabunda nunca mais iria cornear o seu dono.
Só se fosse no inferno.
Com o satanás!
Você que estava aqui há uma eternidade atrás, onde está agora?
Na ponta da estrela luminosa?
No lado escuro da lua?
No rabo do cometa?
Na Via Láctea?
Na incerteza cruel dos que dizem não?
Na estrada sem retorno dos que se vão?
Onde está você agora, amor que se foi?
No mundo ou na alma do meu atormentado coração?