À noite olho pra ela e fico pensando:
Será que ela me ama?
Será que ela me engana?
Será que ela é chama?
Será que ela é lama?
E penso o pior de tudo:
Será que a sua alma está comigo aqui na cama?
Ou sou apenas eu com a minha insegurança...
E o meu insuportável amor por melodramas.
Eu juro!
Eu não disse nada, mas ela ouviu da minha boca um apaixonadíssimo poema de amor.
Abriu os braços e se entregou de corpo e alma.
Eu?
Fiquei sem ação.
Apenas havia feito um elogio para o sol que se punha lindíssimo no horizonte do mar.
Minha poética rotina, expliquei pra ela.
Ela?
Trancou-se no quarto e engoliu 45 Prozacs com l litro de Absolut...
Ao som de "La Vie En Rose", com a Edith Piaf.
Pensei:
Meu Deus! o que tem a ver o pôr-do-sol com a paixão dos suicidas?
No que dei o beijo, eu senti o gelo da indiferença na boca.
Engoli o veneno da rejeição temperado com constrangimento e dor.
Olhei bem nos olhos daquele coração insensível.
E não vi brilho.
Apenas uma raia de crueza rasgando a minha imagem refletida naquele espelho fosco.
Um pisco rápido...
Um virar as costas...
Um ir-se embora...
Um faltar o chão...
A solidão da tarde, o meu coração.
Quantos motes você tem de irreverência?
Santa, linda, diaba, inconsequente?
Ou você é apenas indiferente?
Infelizmente.