Já fui um sujeito muito amado.
Compunha poemas para os meus amores.
Fazia serenatas em noite de lua.
Uivava feito um lobo esfomeado e apaixonado embaixo das suas janelas.
E isso foi durante muito tempo.
Mas o amor tem o mau hábito de nos deixar cegos.
Depois de tempos, comecei a enxergar a história dos meus amores.
Percebi que mais de 1 vez me amaram, depois desamaram, me amaram de novo, desamaram novamente, amaram de novo...
Lembro-me que eu escrevia e rasgava poemas, cancelei serenatas e chorava feito uma criança abandonada embaixo das suas janelas.
Um dia, de tanto vai e vem, enchi o saco e mandei o amor à merda.
E escrevi o meu último poema:
Amor, ô bicho chato!
E vivi feliz para sempre.
Eu tentei que tentei te fazer entender.
Nós 2 não fomos feitos 1 para o outro.
Fomos feitos para o mundo.
Você?
Não entendeu nada.
Armada até os dentes de amor incompreendido me declarou guerra.
E estamos assim:
Nossa casa é um campo de batalha.
Você entrincheirada no quarto, eu na sala.
Sangue amigo pra todos os lados.
Mas amanhã eu te derroto.
Te pego de jeito, arranco o teu coração, exorcizo a tua alma...
E quero ver você me amar mais!
Definitivamente definitivo.
Não nasci para o amor.
Tentei de todas as maneiras amar o amor, idolatrar o amor, erguer um monumento para o amor.
Eu não tenho cola.
Todas as mulheres do mundo se foram.
Amores, paixões, obsessões, carências mórbidas, tudo se foi com o passar do tempo.
Sozinho novamente repenso o meu querer amar.
Repenso o meu querer arrepiar.
E me pergunto:
Qual é o meu limite de amar?
Qual é o meu limite de arrepiar?
Por quanto tempo eu consigo amar?
Por quanto tempo eu consigo arrepiar?
E me respondo:
Definitivamente o meu assunto é paixão!
Uma 1 ou 2 por semana.
Ou 3 ou 4.
Ou 10!
Mas paixão, porque de amor eu estou aposentado.
Escolado e experimentado.
Vacinado!
Descartado!
Por que, Boana, você sempre coloca em cheque a possibilidade de eu te amar!
Por que a eterna e complexa pergunta: "você me ama?"
O que você quer que eu responda?
Como você quer que eu seja?
E se eu te perguntasse: você se ama?
O que você responderia?
Como você agiria?
O que devemos responder?
Como devemos agir?
Quem ama fica verde?
Quem é amado fica encantado?
Quem se ama fica iluminado?
Como é isto?
Eu não sei!
Só sei que responder a pergunta tão volátil é humanamente impossível.
Porque o amor não cabe plenamente no nosso humilde entendimento.
E somos todos analfabetos nas suas questões mais simples.
Desde o simplesmente amar!
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TõeRoberto
Sinceramente, Kelly, o amor não fala mais a minha língua!
Ele, aramaico.
Eu, chinês antigo.
Não sei mais o que fazer.
Poliglota afetivo fui.
Não adiantou!
A linguagem do amor é inteligível.
O amor é como o Oriente Médio.
Todo mundo diz que quer a paz.
Mas do nada, a violência explode.
As pessoas se ferem.
Outras ficam horrorizadas.
E a inteligência não basta.
A verdade é uma só:
Somos coisas diferentes.
Ideias diferentes.
Projetos de vidas diferentes.
E a língua se enrola.
E só entendemos em alto e bom tom as agressões.
E o amor vai perdendo seu encanto universal.
E vai se tornando uma piada.
De mau gosto.
Que é o que ele é!
.
TõeRoberto-post in jampa/pb
Sem mais nem menos, Olda, você foi entrando na minha vida!
Um telefonema gostoso.
Um e-mail apimentado.
Um beijo de novela.
Um amor endiabrado.
Um entregar-se desmesurado.
É uma merda!
Eu jurei pra mim mesmo a negação de todos os amores.
Jurei viver na bronha, com a roupa sem passar, na base do hambúrguer.
Sozinho!
E, hoje, te vejo entrar pela porta da frente.
Alegre, extrovertida... sorrateira!
Dona do pedaço!
Plena!
Eu me encolho no sofá.
O filme se passa na minha cabeça.
O enredo é um só!
Outra vez fudido e mal pago!
A história final da minha vida!
A cada novo amor que me inferniza.
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TõeRoberto-post in jampa;pb
- Ah, Polinésia Elba, todos os dias da vida são enfadonhamente iguais!
- Sobreviver!
- A horrível tarefa de sobreviver!
- Às dores, às dívidas, ao trabalho, às querelas existenciais... aos amores mal resolvidos!
- Conto os dias nos dedos... e estou cansado!
- Cansado de estar cansado!
- Cansado, Polinésia, de todos os dias, ajoelhado aos seus pés, mendigar o seu silêncio!
- Um sossegozinho de nada!
- Ou um perdão!
- Não somos todos pecadores?
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(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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