Tanta coisa a dizer, e ela, surda, contemplava as estrelas dos seus olhos no espelho dos meus olhos apaixonados.
A intrínseca tarde era só um detalhe no momento da minha extasiante perplexidade.
TõeRoberto
No que dei o beijo, eu senti o gelo da indiferença na boca.
Engoli o veneno da rejeição temperado com constrangimento e dor.
Olhei bem nos olhos daquele coração insensível.
E não vi brilho.
Apenas uma raia de crueza rasgando a minha imagem refletida naquele espelho fosco.
Um pisco rápido...
Um virar as costas...
Um ir-se embora...
Um faltar o chão...
A solidão da tarde, o meu coração.
Ô sofrimentinho!
Te ver não me vendo pelo espelho retrovisor do carro naquela áspera manhã de abril.
- Ah, Licília Alberta, esta noite quando olhei pra você - dormindo - tive certeza de uma coisa: o tempo é um monstro que devora a juventude e a beleza!
- Te olhei, revirei os seus cabelos, olhei a sua boca, o seu rosto, os seus seios e vi os sinais ferozes dos últimos 20 anos.
- Corri para o espelho e levei o maior susto da minha vida: dei de cara com um estranho - um sujeito que eu não conheço me olhava com um ar triste e preocupado.
- Eu, na madrugada, com dois estranhos dentro de casa: um na cama e outro no espelho, teimando em me olhar nos olhos.
- Triste, Licília, muito triste o dia que descobrimos que o tempo passou!
- Talvez, agora, 02 estranhos que somos, possamos sair em busca do tempo perdido e reviver, com fúria, o grande amor da nossa juventude envelhecida!
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB
- Ah, Vidilina Conceição, sozinhos não somos nada!
- Todos os silêncios nos importunam!
- As noites nos assombram!
- Os espelhos nos espantam!...
- O amanhecer é um desalento!...
- Ah, Vidilina, sozinhos morremos afogados na eterna noite da solidão humana!
.
(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
Post in João Pessoa/PB