A sala estava lindíssima.
A mesa, o alvo linho da paz.
As velas...
O jantar?
O filé, um sonho pra ser sonhado 1000 vezes.
O vinho, o preferido de Baco.
A música ao fundo; Armstrong.
A sobremesa?
Meu Deus!
Tudo perfeito, romântico e inesquecível.
Nada como o primeiro jantar da sua vida, solteiro, depois que você acabou de ficar livre daquela mala que você carregou por mais de 10 anos.
Por favor, eu, me sirva mais um vinho!
Hoje eu quero me acabar nos braços da solidão mais perfeita da minha vida.
Abraçado com a minha íntima e deliciosa privacidade.
- Ah, Barbarena Sumiko, não acredito que o nosso amor seja uma farsa... tudo mentira!
- Li, outro dia, que este negócio de amor romântico, esta merda que eu sinto por você e você sente por mim não existia.
- Que inventaram tudo!
- Pra organizarem as coisas de acordo com os seus interesses - interesses deles, sujeitos ocultos.
- Que antes ninguém estava nem aí pra porra nenhuma!
- Ninguém sofria por ninguém, ninguém se matava por ninguém, ninguém amava ninguém, ninguém se apaixonava por ninguém.
- Besteira, mas dizem que não havia diálogo, monólogo, ciúme, ansiedade, tristeza, agonia, angústia, espera, esperança, sofrimento, desespero, solidão, lealdade, fidelidade, rejeição... prisão!
- Se não existia, quem foi o idiota que inventou esta merda?
- O Marquês de Sade?
- O demônio?
- A Globo, pra fazer novela?
- Ou, Barbarena, nós dois para fugirmos do tédio da solidão a 2?
- Da nossa rotina sem sal?
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(Fonte: Texto - Autoria de TõeRoberto)
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